Você é Workholic ou Worklover?
Você é Workaholic ou Worklover?
A busca para alcançar sucesso profissional a qualquer preço, e a luta para corresponder ao perfil de empreendedor como exigência do mercado de trabalho, vem produzindo um tipo profissional que os americanos batizaram de Workaholic, termo inglês que significa viciados em trabalho. Este tipo de trabalhador se dedica de corpo e alma ao trabalho e estão sempre ligados ao celular e/ou, ao leptop com, os quais passam o final de semana trabalhando. Abominam a ociosidade e são incapazes de relaxar.
Workholic são pessoas que dormem mal (quando dormem), passam a noite rolando na cama, repassando a agenda do dia anterior, preocupadas com a agenda do dia seguinte. São executivos que se sentem incomodados e intranqüilos se, se afastam de suas atividades laborais aos finais de semana, feriados ou nas férias. São encontrados com freqüência no escritório ou em seu ambiente de trabalho, após o expediente. A profissão é a atividade mais importante de sua vida, mas do que sua vida pessoal, familiar, social. Geralmente apresentam sintomas que o acompanham, como dor de cabeça, problemas digestivos, insônia, irritabilidade, tensão, taquicardia, falta de ar, tonturas, mal estar indefinido, insegurança, dificuldade de concentração, mau humor, falta de disposição para o sexo e outras queixas, sempre muito ocupados para buscar ajuda. Chegam em casa cansados demais para desfrutar do convívio familiar, sendo este geralmente o motivo ou a causa das discussões conjugais. No relacionamento social acabam desadaptadas, se limitando aos assuntos de negócios com dificuldades em se entrosarem quando o assunto é corriqueiro, como, cinema, teatro, coisas do dia-a-dia, atualidades. Estão sempre ocupadas e com pressa, como quem não tem tempo a perder.
Muitos se orgulham de ser Wokaholic, e até pouco tempo esse título poderia ser motivo de orgulho e recompensa se estudos não levassem a conclusão de que a produtividade é maior, quanto menos sobrecarregado for o trabalhador. Quando empresas modernas descobriram que proporcionando descanso aos seus funcionários e evitando a sobrecarga de trabalho melhoravam significativamente sua produtividade. Pesquisas confirmam que este método funciona e que além de produzir mais com qualidade, diminuem as ausências de funcionários por doenças (absenteísmo), tanto própria quanto, de seus familiares.
É importante esclarecer que o problema não é trabalhar muito, mas saber distinguir as fronteiras entre a vida profissional e a pessoal, conciliando trabalho e lazer. O workaholic não consegue ter vida pessoal e social nem tirar prazer e desfrutar da vida fora do trabalho. São pessoas incapacitadas para usufruir seu tempo livre, pois apresentam alto nível de ansiedade e se acostumaram a conviver com o estresse utilizando o trabalho como válvula de escape
Novos estudos afirmam existir uma versão mais saudável desse perfil, o worklover (o que tem amor ao trabalho), pessoa que trabalha muitas horas por dia e, não obstante, consegue encontrar equilíbrio. Ao contrário do workaholic, apesar de passar bastante tempo se dedicando ao trabalho, têm no trabalho uma fonte de prazer e é capaz de manter vida social paralela.
O trabalho é atividade necessária e imprescindível para uma vida saudável, porém, o homem não deve ser escravo do trabalho. O trabalho deve ser atividade prazerosa, que realiza e propicie alegria para viver com qualidade. Se o seu trabalho é seu único prazer, ou está sendo algo que o impede de compartilhar alegrias e prazeres com os que lhes são caros, algo está errado com você.
O estresse prolongado, doença orgânica, depressão, Síndrome do Pânico e até o infarto, pode ser uma estratégia do organismo para obter uma parada forçada. É o que acontece com o workaholic que só para de trabalhar quando a doença o impossibilita. Como psicóloga devo alertar: é melhor prevenir que remediar.
Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto