O Sujeito pós-moderno: no olho do furacão
O Sujeito pós-moderno: no olho do furacão
As transformações da sociedade atual estão mudando nossas identidades pessoais, balançando a estrutura da idéia que fazíamos do sujeito integrado, há uma perda de sentido, uma descentração do sujeito. Há quem diga que o homem pós- moderno é um ser atormentado, adoecido.
Hall assinala que instala-se na pós-modernidade uma crise de identidade uma vez que o que antes estava centrado e estável, não está mais. Para este autor o sujeito pós-moderno: não possui uma identidade essencial ou permanente (HALL, 2005).
No mundo dito pós-moderno, as identidades podem ser adotadas e descartadas como se troca de roupa. Portanto, do nosso ponto de vista, um dos problemas atuais do homem pós-moderno é o da formação e/ou adaptação da identidade.
Segundo Stuart Hall a identidade é um conceito bastante discutido pelas teorias sociais, as quais procuram demonstrar, as velhas identidades – responsáveis pela estabilidade do mundo social – estão entrando em decadência e sendo substituídas por novas identidades, caracterizadas, entre outras coisas, pela fragmentação do indivíduo moderno. Para este autor a identidade é, portanto, definida historicamente e, não, biologicamente.
Assim, o sujeito pós moderno só pode ser entendido se colocado na perspectiva histórica, ainda assim é possível que sejamos surpreendidos com um “sujeito” fragmentado, amedrontado, triste, ignorado enquanto ser, perdido na busca de sua identidade.
A chamada "crise de identidade" é vista hoje, como parte de um processo mais amplo de mudança, abalando os padrões de referência que garantiam, até então, aos sujeitos, certa estabilidade e segurança para sua sobrevivência no mundo.
No âmbito psicológico, o sujeito pós-moderno vivenciaria o quadro de transformação social e de incerteza sobre os paradigmas antes estáveis e vigentes, com movimentos de afastamento ou de progressivo fortalecimento da individualidade, face à incerteza do mundo em mudança.
Por razões obscuras, o ser humano não se reconhece e se nega buscar o autoconhecimento estando, por isso, vulnerável às diversas influências e dominações.
Por isso, a questão da identidade está sendo extensamente discutida na teoria social e também na psicologia.
O argumento é o seguinte: as velhas identidades, que por tanto tempo sustentaram o mundo social, estão em declino, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado.
A noção de identidade, no âmbito psicológico, é um processo contínuo de elaboração de “um conceito estável de si mesmo como indivíduo único e a adoção de uma ideologia ou sistema de valores que proveja um senso de direção”, um processo no qual “formamos nossa auto-imagem, a idéias sobre nós mesmos e o que os outros pensam de nós” (SCHULTZ, 2002).
A noção de identidade no âmbito psicológico implica, portanto, em construção de um senso de direção, de uma estrutura psicológica e emocional que possa prover certa noção de equilíbrio.
Acontece, que o sujeito pós-moderno pode se perder numa desordem ou em uma nova ordem, na qual os interesses individuais tendem a suplantar os interesses voltados ao bem-estar coletivo. Cada um estaria voltado para a busca de sensações prazerosas a despeito da organização coletiva.
A humanidade é bombardeada por informações, influenciada pelos meios de comunicação e pela utilização de novas tecnologias. A mídia cria demandas de consumo, que muitas vezes nada tem a ver com a necessidade do sujeito oferecendo ao indivíduo várias possibilidades de identificações e exercendo papel de formadora do eu. Tudo isso colocada o sujeito na posição de mero espectador.
Nunca, na história da humanidade, o local e o global estiveram tão intimamente ligados à formação de sua identidade. Cabe ao sujeito pós- moderno construir, uma identidade estável e que se sustente na trama histórica que se desenrola no tempo e no espaço.
Para isso, o homem pós-moderno além do autoconhecimento precisa aprender a conviver com as mudanças de forma realística. É preciso buscar equilíbrio. É difícil imaginarmos hoje o mundo desinformatizado, desconectado e desglobalizado, estamos no meio de transformações profundas, sem saber para onde caminhamos, à deriva - no olho do furacão.
Profa. Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto