corrupção e polaridade: crise da Saúde Mental
corrupção e polaridade: crise da Saúde Mental
Corrupção e Polarização: O Impacto no Sistema Político Brasileiro e a Crise de Saúde Mental.
Profª Drª Edna Paciência Vietta
Psicóloga Cognitivo-Comportamental
No Brasil contemporâneo, a corrupção sistêmica e a crescente polarização política têm gerado um cenário de incertezas e instabilidades. Este artigo busca entender como essas características do sistema político brasileiro afetam diretamente a saúde mental da população, criando um ambiente de estresse e ansiedade coletiva.
Profº José Alvaro Moisés, professor da FFLCH destaca que a percepção de corrupção é generalizado no mundo todo e, no caso do Brasil, a ideia de que ela se tornou um fenômeno sistêmico está relacionada ao fato de que “não dá para pensar nenhuma dimensão do funcionamento político sem ter alguma referência com o fenômeno da corrupção”.
A corrupção no Brasil, enraizada em várias esferas do governo, tem efeitos devastadores. Além de desviar recursos essenciais de áreas como saúde e educação, ela compromete a confiança da população nas instituições. O impacto psicológico dessa desconfiança é profundo, gerando sentimentos de impotência e desesperança entre os cidadãos.
Impacto do Desvio de Recursos na Saúde Mental: A corrupção compromete investimentos em serviços fundamentais, incluindo a saúde mental. Com menos recursos, os serviços tornam-se ineficientes ou inacessíveis, deixando muitos sem o apoio necessário.
Desconfiança Institucional e Ceticismo: A percepção generalizada de corrupção leva a um profundo ceticismo em relação ao governo e suas instituições. Isso pode levar a uma sensação generalizada de desamparo e apatia, afetando negativamente a saúde mental da população.
A polarização política no Brasil se acentuou nos últimos anos, criando um ambiente de divisão e hostilidade. Essa polarização não apenas paralisa o processo político, mas também afeta a saúde mental dos indivíduos. As consequências da polarização política são danosas ao funcionamento da Democracia. Alguns efeitos da polarização sobre a Democracia consistem no impasse legislativo, na baixa produtividade do Congresso Nacional e na paralisia do governo que não consegue aprovar reformas e leis. Não é à toa que a democracia vai muito além do voto, ela requer respeito à regras comuns, reconhecimento da legitimidade dos adversários, tolerância e diálogo. O excesso de polarização compromete todos estes quesitos.
Em uma sociedade concentrada em dois lados radicalizados, adversários são vistos como inimigos, o diálogo não é incentivado, ou mesmo é condenado. A polarização política realmente afeta o bem-estar das pessoas. Raiva, brigas, famílias se dividindo, muita confusão – tudo em nome da ideologia política. Virou um “nós contra eles” violento.
Muitos estão sofrendo o impacto disso em sua saúde mental. Sempre houve opiniões políticas diferentes. Isso é natural. Mas a polarização acontece quando os dois lados vão se afastando cada vez mais do outro, acirrando o ódio e valorizando a diferença. Um abismo se forma entre os dois lados.
Estresse e Ansiedade Social: A polarização alimenta o conflito, o que pode aumentar os níveis de estresse e ansiedade na sociedade. Essa atmosfera de constante tensão social contribui para um ambiente onde questões de saúde mental são exacerbadas.
A divisão política pode levar ao isolamento social, à medida que as pessoas se afastam daqueles com opiniões divergentes. Isso deteriora o tecido social e pode intensificar sentimentos de solidão e depressão.
As consequências da corrupção e da polarização política no Brasil vão além da esfera pública, infiltrando-se nas vidas pessoais dos cidadãos. A saúde mental, já fragilizada por outros fatores socioeconômicos, sofre ainda mais sob o peso dessas questões políticas.
A relação entre o sistema político brasileiro, marcado por corrupção e polarização, e a saúde mental da população é de causar alarme. Para enfrentar esta crise, é imperativo adotar medidas que combatam a corrupção de forma eficaz e promovam um diálogo político mais construtivo e menos polarizado. O bem-estar mental da população brasileira depende da construção de um sistema político mais íntegro, transparente e unificador, capaz de transcender as divisões e promover um ambiente de confiança e estabilidade social.