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Para onde caminhamos

Para onde caminhamos

                         PARA ONDE CAMINHAMOS? 

 

                                                               

                                                                        Drª Edna Paciência Vietta
                                                                    Psicóloga Cognitivo-comportamental


Pós modernidade é o período que começa logo depois do modernismo, em meados do século XX, mais precisamente com o fim da segunda guerra mundial (1939-1945) e se consolidou após a queda do muro de Berlim (1989)
Após as duas Guerras Mundiais, a humanidade passou por um profundo processo de mudança de paradigma e transformações na cultura. As promessas de um mundo melhor calcado na razão foram frustradas pela industrialização descontrolada, pelas sucessivas agressões à natureza e a consciência dos perigos do seu aproveitamento desmedido, pelo consumismo desenfreado, dentre outros. O homem passou a abandonar a razão em prol do afeto. Ao mesmo tempo, o pensamento perdeu seu fundamento de certeza. A verdade passou a ser tida como alcançável somente em um contexto parcial e localizado.
A pós-modernidade representa uma frustração com o discurso iluminista e suas grandes idéias, que, apesar dos grandes avanços científicos que proporcionaram, mostraram-se incapazes de pôr fim às mazelas da sociedade e de produzir um estado de permanente bem-estar, edificado pela razão humana. “O pós-modernismo está associado à decadência das grandes idéias, valores e instituições ocidentais – Deus, Ser, Razão, Sentido, Verdade, Totalidade, Ciência, Sujeito, Consciência, Produção, Estado, Revolução, Família”.
Um estado de fluidez se apossou das certezas que nos foram legadas pelo período anterior da história, e toda a sua segurança cedeu lugar a um estado de coisas no qual não mais existem verdades definitivas. Já não ousamos imaginar a realidade construída sobre um único fundamento ou sobre verdades imutáveis. Vivemos no reino do fragmento.
O mundo mudou. Para muitos estudiosos a era moderna ou modernidade terminou ou deu lugar a outro paradigma a pós-modernidade. Em quase todos os círculos acadêmicos e em outras esferas, os novos fenômenos sociais, as rápidas transformações e a grande expectativa do século XXI à nossa volta, temos uma certeza, a de que uma nova Era teve início com mudanças significativas em nosso mundo.
Vivemos em um mundo pós-moderno e com ele o desafio de entender estas mudanças e suas influências no modo como as pessoas pensam, sentem e agem. Essas mudanças foram tão abrangentes e com evidentes reflexos nos valores que permeiam a ética e a moral de nossa sociedade.
No campo da ética, venceu o individualismo. Valorizou-se mais o que se pode ganhar do que o que se pode fazer para melhorar a vida de todos, haja vista, a corrupção pós moderna, digna dos tempos fluidos da contemporaneidade a qual, segundo Janine Ribeiro, "não envolve diretamente o furto e nem somente beneficia os atores com dinheiro ou valores, senão a troca de favores, de cargos, favorecimento em prestação de serviços, negociação internas com a iniciativa privada, ou até mesmo entre movimentos sociais, além da formação de caixas extras para partidos políticos..."
A dimensão espiritual na pós-modernidade, também sofre o impacto desse rearranjo contemporâneo. Igrejas transformam-se em verdadeiras máquinas do sistema capitalista. Surgem as mais diversas expressões religiosas, que oferecem conforto, consolo e promessas de melhores dias a seus devotos, em um festival de "filosofias" para todos os gostos, combinadas a valores da modernidade. Tal contexto parece indicar uma total reorganização da humanidade, provavelmente tão ou mais importante que a sofrida na transição da Idade Média para a Idade Moderna.
Vivemos, hoje, numa época complexa e com características inéditas na história da humanidade. Na tentativa de apreensão e compreensão dessa realidade, teóricos de diversas áreas do conhecimento humano, como filósofos, sociólogos, antropólogos, teólogos, psicólogos, historiadores e outros têm se dedicado ao estudo dessas transformações.
Os pós-modernistas são convictos de que vivemos uma fase onde surgiram novos paradigmas, e, portanto, o surgimento de uma nova cosmovisão, ou seja, uma nova forma de enxergamos o mundo com base no nosso sistema pessoal de crenças, valores e sentimentos, aos quais nos baseamos para compreender tudo que está ao nosso redor, nossa concepção de realidade. Estamos todos de alguma forma sendo moldados a esses novos paradigmas configurados pela sociedade pós-moderna. Pasmos, com tantas mudanças estamos alheios, olhando a paisagem de binóculo, enquanto, dominados por manipulações de toda ordem.
Muito tem se falado sobreTransição Planetária e a necessidade do dispertar da consciência , de se revelar o nosso verdadeiro EU, nossa essência a partir de um novo olhar. Da necessidade de entrarmos em contato com o que está além do EGO, das ideologias, de dogmas, pensamentos e memórias com vistas a nova consciência humana. Um despertar espiritual a fim de alcançarmos uma mudança de paradigma único, global. Aqui, não falo de religião, refiro-me a reconexão real do ser humano consigo mesmo. Abertura para reflexão e autoquestionamento. Há uma tentativa da humanidade se conectar com o Universo. o Universo e as condições do Planeta passam a ser algo de muito interesse e as questão nesse contexto são: com tantas catastrofes naturais, temos segurança em nosso planeta? estamos a sós no universo ou existem vidas em outros planetas? mudanças e movimentos são ciclicos e parecem refletir uma catarse coletiva.
Por bem, ou por mal, a humanidade está assistindo o sistema colapsar, nada podendo fazer para detê-lo. Estamos, vivendo absolutamente um momento impar. Não são somente as mudanças sociopolíticas, ambientais, que estão desmoronando, mas toda estrutura interna humana, dogmática e egóica, sufocadas por medos, mentiras, inseguranças, narrativas, sendo fortemente abaladas.
É preciso, estarmos preparados e alertas para essas mudanças, saindo da nossa zona de conforto para assumirmos prontamente o lugar da responsabilidade que nos cabe como seres humanos Terráquios, a fim de não semos coniventes com as deformações que poderão ocorrer nesse processo. Não sejamos ingênuos. É preciso nos posicionarmos e tomarmos espaço nas decisões que nos impões essas mudanças ou seremos todos cooptados por elas.
Profa. Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto