Flexibilidade Cognitiva: requisito indispensável o
Flexibilidade Cognitiva: requisito indispensável no mundo moderno
“É impossível progredir sem mudanças, e aqueles que não mudam suas mentes não podem mudar nada” (George Bernard Shaw)
Somos aquilo que pensamos, porém algumas vezes construímos idéias irrealistas a nosso respeito. Quando nossas percepções encontram-se distorcidas, tendemos a interpretar os fatos erroneamente, emitindo idéias inadequadas ou equivocadas sobre o mundo, as pessoas e nós mesmos. Quando isso acontece com freqüência, apresentamos rigidez de pensamento, cuja tendência, é manter as coisas como elas estão (imutáveis ou acomodadas), como medida de proteção do self (eu), assumimos, então, uma posição inflexível, um padrão rígido de interpretar os fatos, a vida e os problemas.
Padrão Rígido se refere a uma "crença subjacente de que se deve fazer um grande esforço para atingir elevados padrões internalizados de comportamento e desempenho. Costuma se revelar em sentimentos de pressão ou dificuldade de relaxar e em posturas críticas exageradas com relação a si mesmo e aos outros. Pode se manifestar como perfeccionismo, utilização de regras rígidas, intolerância, teimosia em relação à opinião de como as coisas deveriam ser, incluindo preceitos morais, éticos culturais e religiosos elevados, fora da realidade
Padrões inflexíveis ou postura crítica exagerada estão fundamentados na crença de que grande esforço deva ser empreendido na obtenção de elevados padrões internos de comportamentos e no desempenho para evitar críticas, o que reflete em sentimentos de pressão, dificuldade de relaxar e em posturas críticas exageradas com relação a si e aos outros. Envolve significativo prejuízo do prazer, do relaxamento, da saúde, da autoestima, da realização e de relacionamentos.
Ter alta flexibilidade cognitiva significa ter capacidade para mudar e/ou produzir mudanças, ser capaz de perceber respostas alternativas para uma mesma situação ao invés de ficar preso somente ao primeiro pensamento que vier à mente (pensamento automático). É conseguir flexibilizar respostas usando a memória, percepção, pensamentos, e assim elaborar a melhor resposta de modo a se adaptar às situações diversificadas. É a capacidade de buscar interpretações alternativas para uma mesma situação.
Flexibilidade é uma palavra que vem do latim tardio “flexibilitare” e significa, em seu sentido mais amplo, capacidade de adaptação, seja a situações novas ou na superação de obstáculos.
Para que ocorram mudanças cognitivas é preciso estar aberto a novas e diferentes idéias e pessoas, provocando e desafiando pensamentos disfuncionais. Para isso se faz necessário o uso da plasticidade cerebral e da flexibilidade cognitiva.
Plasticidade cerebral é a capacidade que o cérebro tem em se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as suas conexões em função das necessidades e dos fatores do meio ambiente. É, portanto, condição necessária para a aprendizagem, uma propriedade intrínseca e característica importante do cérebro sendo um forte argumento neurocientífico sobre a aprendizagem, durante "toda a existência humana". Ninguém pode ser igual a vida toda. Uma mente inovadora e criativa é fundamental para a sobrevivência, principalmente na vida profissional.
As pessoas inflexíveis têm rigidez em quase tudo o que fazem. A começar por seus pensamentos, dificilmente aceitam outras opiniões além das suas. Sentem dificuldades em mudar, inclusive nas mudanças que a vida impõe e não estão abertas a discussões. A rigidez distorce significados e causa sofrimentos desnecessários.
A pessoa inflexível não admite mudanças, no entanto, a essência da vida é a transformação. A vida está em constantes transformações e precisamos nos adaptar a elas.
A inflexibilidade costuma destruir laços sentimentais de amizade, mesmo no seio familiar, acarretando conflitos muitas vezes irremediáveis. É também, considerada como responsável por muitos conflitos familiares: discussões, brigas e separações entre casais. A pessoa inflexível apenas enxerga suas próprias razões sem ceder um milímetro sequer às ponderações do outro. Espera sempre que os outros se adaptem a elas, sua opinião deve sempre prevalecer.
Um dos objetivos da psicologia cognitiva é reinstalar a flexibilidade no paciente, fazendo com que ele (re) aprenda a enxergar diversas possibilidades de resolução para as adversidades da vida.
Hoje em dia, ser flexível ao nível das nossas crenças e comportamentos é um requisito absolutamente indispensável para uma boa adaptação, integração e convivência familiar, social e profissional.
Profa Dra Edna Paciência Vietta
Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto