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TOC - Transtorno Obsessivo-compulsivo

TOC - Transtorno Obsessivo-compulsivo

 

                                          

 

 

TOC - Transtorno Obsessivo-compulsivo: o que se deve saber

 

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) não é uma doença nova. Há alguns séculos, as pessoas com pensamentos obsessivos blasfemos ou sexuais eram consideradas possuídas. Esta concepção religiosa das obsessões era consistente com a visão de mundo da época, e a lógica do tratamento consistia em expulsar o mal da alma possuída. O exorcismo era o tratamento de escolha.

O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), já foi também considerado um transtorno raro, pois usualmente eram identificadas apenas as suas formas mais graves, enquanto que os sintomas, quando mais leves, eram considerados "manias", "fraquezas" ou "falta de vontade" de tal forma que se o paciente o desejasse poderia livrar-se delas.

O TOC, Transtorno Obsessivo Compulsivo é hoje classificado entre os Transtorno de Ansiedade e se manifesta pela presença de obsessões e/ou compulsões. Está classificado ao lado das Fobias (medo de lugares fechados, elevadores, pequenos animais - como ratos ou insetos), da Fobia Social (medo de expor-se em público ou diante de outras pessoas), do Transtorno de Pânico (ataques súbitos de ansiedade e medo de freqüentar os lugares onde ocorreram os ataques), etc.

Os sintomas do TOC envolvem alterações de comportamento (rituais ou compulsões, repetições, evitações), de pensamento (preocupações excessivas, dúvidas, pensamentos de conteúdo impróprio ou "ruim", obsessões) e das emoções (medo, desconforto, aflição, culpa, depressão). Esses sintomas interferem no desempenho escolar ou profissional do seu portador diminuindo demasiadamente a sua qualidade de vida.

Obsessões são pensamentos ou idéias, impulsos, imagens, cenas, que invadem a mente da pessoa de modo persistente, podendo ou não ser seguidos de comportamentos (manias) para neutralizá-los. São sentidos como estranhos e intrusivos causando aumento da ansiedade e grande desconforto.

Geralmente essas obsessões estão ligadas à higiene, organização, contaminação, transmissões de bactérias ou vírus.

Compulsões ou rituais são comportamentos ou atos mentais voluntários e repetitivos executados em resposta a obsessões ou em virtude de regras que devem ser seguidas rigidamente. Os exemplos mais comuns são: lavar as mãos repetidamente, fazer verificações, contar, repetir frases ou números, alinhar, guardar ou armazenar, repetir perguntas, etc. As compulsões aliviam momentaneamente a ansiedade, levando o indivíduo a executá-las toda vez que sua mente é invadida por uma obsessão acompanhada de aflição. Nem sempre têm conexão realística com o que desejam prevenir (p ex., alinhar os chinelos ao lado da cama antes de deitar para que não aconteça algo de ruim no dia seguinte; dar três batidas em uma pedra da calçada ao sair de casa, para que a mãe não adoeça).

Algumas compulsões não são percebidas, pois se desenvolvem mentalmente e não mediante comportamentos motores, observáveis. Alguns exemplos: repetir palavras especiais ou frases: rezar compulsivamente, relembrar cenas ou imagens, contar ou repetir números, fazer listas, marcar datas, tentar afastar pensamentos indesejáveis, substituindo-os por pensamentos contrários.

Os portadores da TOC apresentam medos absurdos que os obrigam a verificar inúmeras vezes trincos de portas, botão do gaz, maçanetas de carro, evitar corrimão de escadarias ou de freqüentar lugares que consideram sujos ou contaminados tais como cemitério, velório, sanitários públicos, hospitais etc. Muitos portadores têm vergonha de seus rituais e até mesmo os seus pensamentos obsessivos, e em função disto procuram oculta-los. É comum, em portadores do TOC, a lentidão e a demora ao executar tarefas. Isso geralmente ocorrer em virtude de repetições (tirar e colocar a roupa várias vezes, sentar e levantar, sair e entrar, etc.), de verificações (trabalho, listas, documentos) ou do adiamento de tarefas devido à indecisão. Os portadores do TOC sofrem de muitos medos (de contrair doenças, de cometer falha, de serem responsáveis por acidentes). Em razão desses medos, evitam as situações que possam provocá-los - comportamento chamado de evitação.

As evitações são, em grande parte, responsáveis pelas limitações que o transtorno acarreta. Felizmente, têm sido desenvolvidos novos métodos de tratamento, utilizando-se medicamentos e psicoterapia (cognitivo-comportamental) capazes de reduzir os sintomas e, muitas vezes eliminá-los.

No Brasil, é provável que existam entre 3 a 4 milhões de portadores. Muitas dessas pessoas, embora tenham suas vidas gravemente comprometidas pelos sintomas, nunca foram diagnosticadas e tampouco tratadas.

                                          Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

                            Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto