“A Ciência sem fé é Manca. A religião sem a ciênci
“A Ciência sem fé é Manca, a religião sem a ciência é cega”
A Modernidade é o momento histórico que sucedeu o Período Medieval cuja base foi o poder do clero, o predomínio da religião (das crenças nos fenômenos sobrenaturais) sobre qualquer outro tipo de conhecimento ou da razão.
A Modernidade nos livrou das trevas, do fanatismo, do autoritarismo eclesiástico e da perseguição, mas nos levou para o outro extremo para o domínio da razão e da ciência sobre a religião e o direcionamento para o mundo material.
Pode se dizer que na Modernidade houve um desencantamento do conhecimento, onde o divino, a fé e os fenômenos sobrenaturais deixaram de compor a base do conhecimento, sendo substituídos pela razão pura, na busca da ordem e do progresso A Modernidade se baseou na razão, na ciência, na matemática, no absoluto, assinalando que todas as descobertas científicas seriam verdades absolutas. Só seria verdadeiro aquilo que tivesse comprovação. Portanto, quando a Ciência nasce a religião perde o valor.
Ao longo do sec XX e parte do anterior instalou-se um conflito irreconciliável entre o conhecimento e a fé. Prevaleceu a opinião entre as mentes avançadas de que era hora de a fé ser substituída cada vez mais pelo conhecimento; a fé que não se baseava em conhecimento era superstição, e como tal devia ser combatida.
A Modernidade tirou Deus do centro do universo e colocou o homem – o Antropocentrismo. Os valores deixaram de vir do plano transcendental e passaram a ser ditados pela vida terrena.
Quando o homem tira Deus do centro de sua vida, precisa ter a certeza de que terá imediatamente algo a ser colocado nesse lugar. Algo que possa suprir todas as suas necessidades e assegurar sua sobrevivência. Algo que pudesse garantir alívio e soluções efetivas, concretas para todos os seus problemas. Algo que fosse maior que o medo de arriscar essa troca. Isso também exigia fé, só que na razão.
Na verdade, a evolução não é só o produto da nossa curiosidade em descobrir como as coisas são, mas, também, produto do medo de enfrentar a dor, o sofrimento, a culpa e a morte.
Na Modernidade a racionalidade substitui Deus e a Ciência se torna a senhora todo-poderosa capaz de encontrar soluções para todas as aflições humanas. Tudo poderia ser explicado e controlado por ela. Mas, as conseqüências dessa mudança de paradigma se fizeram sentir nos trágicos acontecimentos do século XX, colocando em xeque o mundo do progresso, do conhecimento, da ciência e da razão que culminaram com o grande colapso gerado pelas guerras, revoluções, estragos ambientais, mortes e conflitos marcados pelo terrorismo, suicídio em massa, novas doenças como a AIDS, Alzheimer, Pânico, só para citar alguns exemplos.
Com tantas conseqüências negativas, o homem despertou a consciência e passou a ter mais dúvidas que certezas, a humanidade passou a ter novos questionamentos e reflexões profundas sobre os destinos do Homem e o futuro do Planeta.
É certo que a Ciência e a Tecnologia trouxeram evolução, propiciando sofisticados meios de diagnósticos e tratamentos cada vez mais aperfeiçoados. Indiscutivelmente, a humanidade se beneficiou dos avanços da Ciência e da Tecnologia (Tomografias, Ultrasonografia, Vidiocirurgias, Ressonância Magnética, nanotecnologia). Um tumor antes não operável pode, hoje, ser extirpado por um procedimento cirúrgico, invasivo. Os remédios são suficientes para controlar as moléstias infecto-contagiosas e degenerativas, porém o homem ainda carece de sabedoria; não consegue viver em harmonia com a natureza e respeita a vida.
O homem Pós-moderno descobriu que a Ciência resolve muitas coisas, mas não dá conta de tudo. Há uma dimensão da vida humana que permanece indecifrável a despeito da razão e de todo conhecimento – a Transcendência do ser humano. Esta só é acessível pela fé.
A modernidade se esqueceu das dimensões do espírito, da alma. Aos poucos o homem Pós-moderno sente a necessidade de resgatar seus valores. “A verdade, já dizia Agostinho, só pode ser garantida por algo acima dos homens e das coisas: somente através de Deus”. Por isso, é preciso render-se à fé, que permite resgatar a dignidade da razão: É preciso “compreender para crer e crer para compreender.”
Profa. Dra. Edna Paciência Vietta
Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto