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Ciúmes: prova de amor, ou baixa autoestima

Ciúmes: prova de amor, ou baixa autoestima

 

                                                         

   

Auto-estima é a sensação de valorização que a pessoa tem de si mesma. É um conjunto de crenças e opiniões que cada um faz de si próprio, através de um processo de auto-avaliação de seus atributos pessoais, reais ou imaginários, inatos ou adquiridos durante toda vida, sobretudo, na infância. Estas crenças se referem a qualidades, habilidades, competências, dons do sujeito, que podem fazer sentir-se mais ou menos valorizado. Nesta perspectiva a pessoa pode incluir em seu repertório emocional uma gama de sentimentos e afetos relacionados a si mesma, tais como, “me odeio”, “me amo”, “me desprezo”, “me admiro”, etc. Esses sentimentos acarretam atitudes positivas ou negativas na vida das pessoas. Por exemplo, de atitude positivas: o cuidar-se.

    A auto-estima promove e estimula a boa alimentação, exercícios físicos, disposição, lazer, relaxamento, otimismo, busca de conhecimento, de cultura e informação, progresso na carreira, atualização, experiências, realização profissional, higiene pessoal, hábitos saudáveis (dormir o suficiente, comer com moderação, abolir vícios, evitar excessos), cuidar da aparência (cabelos, pele, dentes, unhas, roupas, adornos, etc) seguir corretamente prescrições médica, enfim, cuidar da saúde física e emocional. Exemplo de atitudes Negativas: atitudes e posturas habituais de baixa-estima podem se manifestar por: severa e excessiva autocrítica, estado contínuo de insatisfação, incapacidade de sentir prazer, oscilação de humor, desânimo, pessimismo, hostilidade, irritabilidade a flor da pele, tendências defensivas, hipersensibilidade às críticas, sentir-se exageradamente atacado, ferido, magoado, supervalorização de sentimentos negativos, pessimismo, ausência de vaidade, relaxamento da aparência, entre outras, já que estas pessoas vivem provocando a confirmação ou o sentimento de serem rejeitadas. Outros indicativos de baixa auto-estima são a dependência afetiva e o sentimento doentio de ciúmes.

    Nossa vivência profissional tem comprovado que as manifestações doentias de ciúme são muito mais freqüentes do que se possa imaginar, o que nos leva a destacá-lo neste artigo. Só para dar alguns exemplos, citamos: maridos que se tornam controladores e violentos por suspeitarem de infidelidade de suas companheiras, mulheres ou maridos alterados, hostis, exigentes e possessivos com cônjuges. Pais que rejeitam os filhos, como se estes fossem uma ameaça à sua estabilidade conjugal; esposas que não suportam ver o sucesso de seus maridos; mães que agem com as filhas como se concorrentes ou rivais, irmãos que passam a vida disputando a atenção dos pais a qualquer preço, homens e mulheres que perdem o controle, se agridem verbal e fisicamente, se destroem, se humilham, se desprezam e se matam, em nome de um sentimento que chamam de amor.

    A desvalorização de si mesmo é uma das causas de rompimentos afetivos e conflitos conjugais. Pessoas seguras de si, de seu valor pessoal, profissional e social, costumam lidar bem com seus sentimentos, não se deixando levar por eles, conseguindo mesmo revertê-los em proveito próprio, aumentando e aprofundando seus vínculos com a pessoa amada.

    O ciúme se manifesta tanto no homem como na mulher e se torna problemático mais perigoso e mais difícil de ser debelado quando não houver justificativa real, quando aparece sem razão ou por causa infundada, isto é, se não existir uma causa concreta que o justifique.

    O ciumento é também egoísta porque quer tudo só para si, tornando-se egoista. Não empresta, não divide, não colabora. Julga-se no direito de ter o controle das pessoas, os horários aonde vai, com quem conversa, com quem anda, enfim, reduz a vida alheia a uma escravidão. Isso é doença, não é amor. Esse ciúme em excesso sufoca o ente querido e torna o amor em desprazer. No ciúme doentio a pessoa torna-se possessiva.

    A insegurança é outra causa que gera ciúmes. Esse sentimento tem por base o medo de perder algo que se possui, no caso o ente querido. Quando algo ameaça a convivência, ou alguém se sente rejeitado por parte de quem ama, é fácil o sentimento de perda se manifestar.

   O ciumento é uma pessoa insegura, sempre desconfiada, porque pensa que, em todo tempo está sendo perseguido. Pessoas inseguras, ciumentas, cerceiam a liberdade do companheiro, controla seus passos, invade sua privacidade, desrespeitando, enfraquecendo e destruindo os vínculos afetivos. Ninguém consegue suportar ser vigiado e controlado o tempo todo, agredido e humilhado em sua suscetibilidade a não ser, que por alguma razão patológica, também, necessite deste controle, nesse caso, diríamos tratar-se de co-dependência ou portador de algum traço masoquista.

   Ciúme patológico é um sentimento que machuca, magoa, destrói, anula e afeta o equilíbrio emocional, tanto do ciumento, quanto de sua vítima. Ele é decorrente do desejo de posse da pessoa amada, insegurança, baixa autoestima, sentimento de inferioridade, falta de amor próprio, e tem origem na suspeita ou certeza de infidelidade. Dependendo do grau que atinge pode tornar-se obsessão. Em Otelo (de Shakespeare) temos um exemplo clássico da atitude inadequada diante desse sentimento, onde o ciúme supera a razão, e de suas conseqüências trágicas. Otelo é convencido por um amigo, de que Desdêmona, sua esposa, o estaria traindo. Cego de ciúmes mata a esposa. Depois de matá-la, acaba descobrindo seu engano e então, culpado, suicida.

   É difícil se considerar ciúmes, um sentimento bom ou normal. Quando presente, ainda que em dose mínima, se alimentado, pode ser transformado em sentimentos de posse, insegurança, rejeição, ódio, rancor, mágoa, vingança, tornando-se, um tormento na vida de muitos casais e infelicidade de muitas famílias. Profa. Dra Edna Paciência Vietta Psicóloga

                                                  Profa. Dra. Edna Paciência Vietta

                                         Psicóloga Cognitivo-comportamental / Terapia do Esquema. Ribeirão Preto

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