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IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS EMOCIONAIS DE GESTANTES

IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS EMOCIONAIS DE GESTANTES

IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS EMOCIONAIS DE GESTANTES HIPERTENSAS: SUBSÍDIOS PARA O ESTABELECIMENTO DE AÇÕES DE ENFERMAGEM NA EQUIPE MULTIPROFISSIONAL DIRIGIDA A ESTA POPULAÇÃO DE RISCO.

  

Profa. Dra Edna Paciência Vietta

Prof. Dr. Sérgio P. da Cunha

 

            O desenvolvimento de certas áreas profissionais especializadas tende a um estreitamento da visão do campo global de ação, havendo, portanto, a necessidade de integração cada vez maior, de esforços interdisciplinares.

            Com a ginecologia, esta perspectiva vem sendo extremamente evocada, levando à conscientização cada vez maior, em se adotar a abordagem multidisciplinar, focalizando a especialidade, não apenas sob o ponto de vista convencional, mas, também, sob o  das demais Ciências Humanas.

            Esta nova tendência multidisciplinar tem sido característica marcante das correntes inovadoras da Ciência Moderna. Neste sentido CAPRA (1989), salienta que, a nova visão da realidade "se baseia na consciência essencial da inter-relação e interdependência de todos os fenômenos, biopsico-sócio-cultural e espiritual, transcendendo as usuais fronteiras disciplinares e conceituais". 

            A abordagem multiprofissional dirigida à pacientes com doenças crônicas ou em situações de risco, como no caso da hipertensão gestacional, tem sido aceita como mais um  reforço na estratégia para se melhorar a aderência destes pacientes ao tratamento.

            Vários autores, entre eles JARDIN e SOUZA (1993), LEVINE (1979), afirmam que a distribuição da responsabilidade da assistência entre várias categorias profissionais pode contribuir para maior incentivo à adesão e conseqüentemente maior sucesso na terapêutica.

            Segundo  SOUZA e JARDIM (1994), o trabalho em equipe multiprofissional pressupõe o reconhecimento de que o paciente é um complexo sistema psíquico e somático e que uma só pessoa não poderá atender a todas as suas necessidades. A equipe não somente proporciona melhores cuidados ao paciente, como também oferece melhores condições de trabalhos para todos.

            Outro indicador a destacar como aspecto emergente no campo da Ginecologia e Obstetrícia é a da adoção do enfoque psicossomático, contra o enfoque puramente técnico e organista que leva a um  processo reducionista da doença e a conseqüente dificuldade para o desenvolvimento da Ciências da Saúde. Em relação a esta afirmação CAPRA (1989), considera que "integrar terapias físicas e psicológicas irá significar uma grande revolução na assistência à saúde, uma vez que isto vai requerer o conhecimento da interdependência da mente e do corpo, na saúde e na doença".

            SOUCASAUX (1990) considera que a prática da Ginecologia seja uma ciência da mulher no sentido integral e fundamentalmente uma orientação psicossomática, abrangendo tanto o corpo como a mente. É necessária a integração da Ginecologia técnico-científica, do "corpo", com as Ciências do psiquismo em tudo aquilo que nesta se refere à mulher. Acredita o autor ser função da Ginecologia, tanto prestar assistência médica básica à mulher em tudo o que no seu corpo é caracteristicamente feminino, quanto também oferecer orientação psicológica naqueles aspectos relativos à sua natureza e à sua constituição psicofísica.

            Os setores mais avançados e lúcidos da medicina atual começam, portanto, evoluir cada vez mais no sentido do enfoque psicossomático da prática  médica, e a estudar os mecanismos, através dos quais os distúrbios psíquicos se projetam no corpo,  gerando e agravando diversas doenças ao nível físico.

            No presente estudo interessa-nos particularmente os aspectos psicossomáticos relacionados às síndromes hipertensivas na gravidez.

            Pesquisadores descobriram a existência de uma relação íntima entre as emoções e a hipertensão, ou seja, a pressão sanguínea elevada. Na hipertensão o sangue exerce maior força contra as paredes das artérias. O coração apresenta tendência ao aumento, com prejuízo de suas funções. Somente numa pequena porcentagem dos casos de hipertensão crônica poderá ser atribuída a algum distúrbio fisiológico específico: entre esses podemos enumerar a síndrome de Cushing, a Toxemia gravídica, envenenamento por chumbo, tumor ovariano, Pielonefrite e outros distúrbios renais. Na maioria dos casos, entretanto a causa ou desencadeamento da hipertensão não são orgânica e sim psicológica (HOWARD e LEWIS).

            Entre as pessoas que apresentam a pressão sangüínea normal, as emoções intensas são capazes de ocasionar um aumento da pressão.

            As tensões da vida moderna são especialmente capazes de produzir hipertensão crônica naquelas pessoas cuja  personalidade os impede de dar vazão às suas frustrações e outros sentimentos negativos como a raiva, a mágoa, etc.

            Os famosos estudos de SELYE, a partir de 1936, foram um marco decisivo para estudos dos efeitos psicológicos das emoções e genericamente as respostas normais e patológicas ao que chamou de Stress. Este autor conceituou o Stress como o estado de tensão do organismo submetido a qualquer tipo de agressão, como a ação da dor, frio, fome,  estados tóxicos ou infecciosos ou qualquer outro "agente estressor", incluindo, por extensão, as influências psicológicas.

            SELYE chamou de doenças de adaptação aquelas resultante do uso excessivo inadequado de mecanismos de defesa, entre elas incluindo a úlcera, a hipertensão arterial, certas formas de artrite e lesões miocárdicas, todas produzidas experimentalmente. Daí a importância de se lidar com situações vivenciais causadoras de stress, visando minimizar as  manifestações físicas de natureza psicossomática (MELLO-FILHO,1983).

            Os efeitos do stress sobre a fisiopatologia cardíaca são cada vez mais comprovados. RAAB (1971), numa linha de estudos semelhantes aos de SELYE, constatou que a ação de catecolaminas e glicocorticóides induzem inicialmente, a distúrbios bioquímicos da célula cardíaca - perda de potássio e inversão de sódio com a produção de distúrbios de formação e condução do estímulo e conseqüentes arritmias, e, em fase posterior, a lesão celular constituída, sendo o  principal mecanismo responsável pelos processos de miocardioesclerose (MELLO-FILHO,1983).

            No campo da ginecologia é reconhecido o fato de que boa parte dos problemas ginecológicos é acompanhada por complexa problemática emocional. Desse modo é fundamental que se siga uma orientação psicossomática e multidisciplinar, nesta área.

            A preocupação dos obstetras pelos problemas de pressão arterial durante a gravidez é um fato bastante antigo e parece cada vez mais emergente em termos do aumento acentuado de complicações gestacionais e neonatais.

            A hipertensão arterial sistêmica (HAS) em qualquer uma das suas formas, procedendo ou sendo desencadeada pela gestação, ainda é uma das a principais causas para o aumento das taxas de mortalidade materna e perinatal em todo o mundo.

            A hipertensão crônica é doença universal que atinge cerca de 20% da população adulta. Ao associar-se à gravidez a hipertensão acarreta maior incidência de complicações gestacionais e neonatais. .

            Segundo CAPRA et al. (1988), do ponto de vista materno a hipertensão arterial crônica é bem tolerada por 85% das gestantes. Em relação ao concepto, no entanto, a hipertensão arterial crônica é a principal causa das complicações perinatais, chegando, nas formas graves a promover taxas de mortalidade pré-natal superior a 50%.

            Segundo NOGUEIRA  et al. (1989), a hipertensão arterial crônica causa alterações vasculares progressivas, que na gravidez atingem as artérias útero-placentárias, levando a um processo de obstrução mecânica ao fluxo sangüíneo regional. Essas alterações, ao lado de outros fatores comuns nas gestantes hipertensas crônicas como a maior faixa etária e grande multiparidade, levam também a uma alta incidência de retardo do crescimento intra-uterino. Esse quadro muitas vezes é agravado pela sobreposição de pré-eclampsia. A alta incidência de complicações obstétricas, o retardo de crescimento e a ocorrência freqüente de óbitos intra-uterino, entre 28 e 36 semanas de gestação, levam muitas vezes à interrupção da gravidez.

            É importante equilibrar a tendência ao psicologismo que nega a influência de fatores hormonais, bioquímicos e mecânicos em vários aspectos de ciclo gravídico-puerperal, com a tendência a subvalorizar as manifestações clínicas e funcionamento da dinâmica do processo patológico, em detrimento de evidências de aspectos intra e interpessoal da pessoa como um todo.

            Importante se faz também, a concentração de esforços multiprofissionais no sentido do atendimento mais global e satisfatório para a saúde física e emocional da mulher.

            Segundo PERIN (1984), "a participação da enfermeira de forma sistemática no binômio médico-paciente tem sido demonstrada por vários autores e fundamenta-se, provavelmente, na sua atuação sobre o aspecto psicoemocional do paciente, além do fornecimento de orientação e elucidação de dúvidas sobre a doença e seu tratamento e fatores de riscos, e instrução sobre aspectos de higiene, hábitos alimentares, crenças de saúde, etc.

            Pensando na importância da convergência de esforços entre ginecologistas e enfermeiros psiquiátricos de modo a estabelecer ações preventivas que abrangessem o atendimento emocional da gestante hipertensa, iniciamos o presente estudo com objetivos de:                      

            - traçar um perfil emocional da gestante hipertensa;

            - identificar situações existenciais que interferem no estado emocional da gestante hipertensa;

            - estabelecer ações de enfermagem em Saúde Mental e um programa de intervenção preventiva dirigida a gestantes hipertensas.

 

            Justificativa do trabalho e breve histórico

 

            O trabalho teve como justificativa a motivação emanada de entendimentos entre os Profs. Dr. Sérgio P. da Cunha, Titular do Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da F.M.R.P-USP, e a Prof.a Edna Paciência Vietta, Titular do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas da EERP-USP, Coordenadora do Núcleo de Ética em Enfermagem e Saúde Mental (NUPÉTICA-ENSAME) cujo interesse comum foi integrar esforços para o atendimento emocional à gestantes hipertensas junto ao ambulatório do Hospital das Clínicas da F.M.R.P-USP. O presente estudo foi realizado no ano 1997, muitas vezes referenciado, porém, lamentavelmente, até então não publicado.

            Inicialmente foram dados os primeiros passos rumo à implantação do  referido programa, procedendo-se um diagnóstico prévio das necessidades do serviço como subsídios para sua organização e realização de um plano piloto, visando  viabilidade do projeto em questão.

            A partir deste estudo prévio identificou-se a pós consulta como a modalidade de enfermagem mais adequada ao serviço, estabelecendo-se como enfoque a abordagem preventiva de orientação e apoio, através do processo de relacionamento interpessoal de ajuda individual, com vistas À posterior formação de grupos de apoio.

 

   Trajetória da Pesquisa

 

            Inicialmente, os pesquisadores apresentariam sua proposta de integração ao pessoal envolvido no serviço expondo a importância de seu desenvolvimento e estabelecendo as articulações necessárias para o bom entrosamento e estratégias de encaminhamentos do paciente ao atendimento de enfermagem.

            Em relação à investigação foram estudadas todas as pacientes gestantes hipertensas, atendidas no ambulatório e encaminhamento ao serviço de enfermagem, após a consulta médica no período compreendido entre março de 1996 a agosto de 1997. No transcorrer do atendimento foram tomados depoimentos pessoais obtidos através de entrevistas individuais, orientadas por um roteiro previamente estabelecido e já testado em plano piloto. Este roteiro constou de questões norteadoras sobre as vivências emocionais das gestantes e possíveis desencadeantes e agravantes da  hipertensão.

            A presença de determinados temas denota os valores de referência e os modelos de comportamento presentes no discurso.

            Estes depoimentos foram rigorosamente registrados durante e imediatamente após as entrevistas de modo a garantir a fidelidade e o resgate autêntico das falas.

 

            De posse do material obtido, procedeu-se a categorização segundo os passos a seguir:

1- Leitura cuidadosa do conteúdo total de modo a apreender seu significado global;

2- Agrupamentos dos conteúdos segundo as respostas obtidas de cada sujeito a cada uma das questões;

3- Identificação de unidades de significado, ou seja,  as locuções mais significativas relacionadas à temática central;

4- Construção dos quadros de modo a facilitar a visualização do conteúdo e a análise;

5- Análise temática.

            BARDIN (1977) considera que o tema é a unidade de significação que se liberta naturalmente de um texto analisado segundo critérios relativos à teoria que serve de guia à leitura.

            Uma análise temática consiste na descoberta dos “núcleos de sentido” que se constitui em uma comunicação e cuja presença o freqüência represente um significado para o objetivo analítico pretendido.

 

 RESULTADOS

 

            A população estudada constou conforme a Tabela I de uma amostra de 12 gestantes hipertensas cuja idade média variou de 23 a 39 anos, ou seja, uma média de 35 anos e 5 meses. Do total de pacientes, 12 (100%), 8 (66,7%) são casadas, 3 (25%) amasiada e apenas 1 (8,3%) solteira.

 

TABELA I- DADOS PESSOAIS DA POPULAÇÃO ESTUDADA

 

 

 

 

INICIAIS

IDADE

ESTADO CIVIL

RELIGIÃO

OCUPAÇÃO

ESCOLARIDADE

COR

PROCEDÊNCIA

 

 

 

 

 

 

 

 

M.C. DE A.S.

37

CASADA

CATÓLICA

DO LAR

PRIMÁRIO

PARDA

RIB. PRETO

 

 

 

 

 

 

 

 

M. A. DE S.

28

CASADA

CRENTE

DO LAR

PRIMÁRIO

BRANCA

RIB. PRETO

 

 

 

 

 

 

 

 

D.M.G.

39

AMASIADA

CATÓLICA

DO LAR

5a SÉRIE

BRANCA

RIB. PRETO

 

 

 

 

 

 

 

 

E.J.R.

38

SOLTEIRA

ESPÍRITA

DO LAR

1o COLEGIAL

NEGRA

RIB. PRETO

 

 

 

 

 

 

 

 

R.A.P.

39

CASADA

CATÓLICA

LAVOURA

PRIMÁRIO

BRANCA

BARRINHA

 

 

 

 

 

 

 

 

D.C.S.

23

CASADA

CRENTE

DO LAR

PRIMÁRIO

BRANCA

CRAVINHOS

 

 

 

 

 

 

 

 

N.M.M

33

CASADA

CRENTE

FAXINEIRA

PRIMÁRIO

NEGRA

RIB. PRETO

 

 

 

 

 

 

 

 

M.A.C.R.

36

VIÚVA-AMASIADA

CATÓLICA

DO LAR

PRIMÁRIO

MULATA

RIB. PRETO

 

 

 

 

 

 

 

 

B.F.L.

31

CASADA

NÃO TEM

FAXINEIRA

6a SÉRIE

NEGRA

RIB. PRETO

 

 

 

 

 

 

 

 

C.F.C.C.

38

CASADA

CATÓLICA

DO LAR

 PRIMÁRIO

BRANCA

CÁSSIA DOS COQUEIROS  

 

 

 

 

 

 

 

 

M. AP.F.O.

37

VIÚVA-AMASIADA

NÃO TEM

DO LAR

8a SÉRIE

BRANCA

RIB. PRETO

 

 

 

 

 

 

 

 

M.D.S.

31

CASADA

CATÓLICA

PROFESSORA

2o GRAU

BRANCA

SÃO SIMÃO

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

            Em relação a religião temos que 6 (50%) referem ser católicas, 3 (25%) crentes, 1 (8,3%) espírita e 2 (16,7%) não tem religião.

            Quanto a ocupação a maioria 8 (66,7%) se diz do lar, 2 (16,7%) faxineiras, 1 (8,3%) professora primária e 1 (8,3%) trabalha na lavoura.

            A escolaridade dos sujeitos da amostra variou de 7 (58,3%) com o nível primário; 2 (16,7%) com o 1o grau incompleto e 1 (8,3%) com o 1o completo, 1 (8,3%) com o 2o grau completo. 7 (58,3%) das pacientes é de cor branca, 2 (16,7%) pardas e 3 (25%) negra.

            Os sujeitos são na maioria (66,7%) de Ribeirão Preto, enquanto os outros são precedentes das cidades da região, 1 (8,3%) de Barrinha, 1 (8,3%) de Cravinhos e 1 (8,3%) de Cássia dos Coqueiros e 1 (8,3%) de São Simão.

            Em relação a idade entendemos ser importante o fato de serem gestantes em idade adulta com estado civil na maioria casada.

            A importância da religião e o fato da maioria ser católica e crente tem muito haver com as doutrinas das Igrejas contra os métodos contraceptivos e o pecado em se evitar filhos.

            A ocupação também é um fator significativo na medida em que a mulher tem suas atividades restritas ao lar e a família e muitas tensões de relacionamentos com o marido, os filhos e outros membros como sogro, cunhado, etc.

            A maioria apresenta baixa escolaridade o que pode afetar o nível de informação. Porém a amostra revelou também a presença de gestantes de nível de escolaridade média com o 1o   Grau completo e até com o 2o grau completo. A procedência revelou que a maioria das gestantes que se propuseram participar do programa foram as que moram na cidade de Ribeirão Preto e em cidades vizinhas, provavelmente por maior facilidade de locomoção.

 

Dificuldades enfrentadas em gestações anteriores.

 

            O número de gestações das pacientes como era de se esperar pela idade variou de 2 a 13 com números de partos de 1 a 8 e número de abortos de 0 a 3. Portanto, uma população de multíparas, com grande número de prole.

            Os sujeitos da amostra, iniciou este programa entre a 2a a 13a gestação conforme dados da coluna 3 da tabela II.

 TABELA II- REFERENTES ÀS DIFICULDADES ENFRENTADAS EM GESTAÇÕES ANTERIORES

 

 

INICIAIS

(1)

NO G.P.A.

(2)

GESTAÇÃO

(3)

NO DE FILHOS

(4)

GESTAÇÃO EM QUE TEVE PROBLEMAS

(5)

DIFICULDADES

(6)

 

 

 

 

 

 

M.L. DE A. S.

G5P4A0

5a

4

ÚLTIMA

HIPERTENSÃO ARTERIAL

 

 

 

 

 

 

M. A. DE S.

G5P3A2

5a

3

SEGUNDA

HIPERTENSÃO/DIABETE GESTACIONAL

 

 

 

 

 

 

D.M.G.

G7P6A0

7a

5

PENÚLTIMA

HIPERT./MIOCARDIOPATIA

 

 

 

 

 

 

E.J.R.

G2P1A0

2a

1

ATUAL

HIPERT./ARTERIAL CRÔNICA

 

 

 

 

 

 

R.A.P.

G4P3A0

4a

4 -GEMELAR

PENÚLTIMA

HIPERTENSÃO

 

 

 

 

 

 

D.C.S.

G3P2A0

3a

2

PENÚLTIMA

HIPERTENSÃO

 

 

 

 

 

 

N.M.M.

G5P4A0

5a

3-1 NATIMORTO

TERCEIRA

HIPERT./BRONQUITE-ASMÁTICA

 

 

 

 

 

 

M.A.C.R.

G4P3A0

4a

3

TERCEIRA

HIPERT./ ENVIUVOU NESTE PERÍODO

 

 

 

 

 

 

B.F.L.

G5P4A0

5a

4

ATUAL

HIPERT./ VARIZES

 

 

 

 

 

 

C.F.C.C.

G13P8A1

13a

8

DÉCIMA-SEGUNDA

HIPERT./ VARIZES

 

 

 

 

 

 

M. AP. F. O.

G3P2A0

3a

2

TODAS

HIPERT./PROBLEMAS FAMILIARES

 

 

 

 

 

 

M.D.S.

G5P1A3

5a

1

TODAS

HIPERT./PROBLEMAS FAMILIARES

 

 

 

 

 

 

 

 

                G: GESTAÇÃO                P: PARTO                A: ABORTO

 

 

             Ainda na tabela II, na coluna 5, referente a gestação em que a gestante

começou apresentar problemas temos que:

            Não houve uma constante em termos do aparecimento dos problemas sendo que algumas delas  manifestaram dificuldades logo na 1a gestação, enquanto outras em gestações posteriores 2a, 3a até a décima segunda. Houve também a influência do concepto com o nascimento de gemelar e natimorto.

            Quanto ao tipo de problema apresentado a  maioria refere-se a hipertensão arterial, diabetes gestacional, hipertensão + miocardiopatia, hipertensão arterial crônica, hipertensão + bronquite asmática, hipertensão + crise por perda de ente querido (marido ou filho), hipertensão + varizes, hipertensão + problemas de relacionamento familiar (marido, sogro, cunhado, filhos, etc).

 

            QUADRO I- REFERENTE A PROBLEMA DE INTERFERÊNCIA DE TERCEIROS.

 

INICIAIS

COM QUEM MORA (INTERFERÊNCIA DE TERCEIROS)

LOCALIZAÇÃO

 

 

 

M.L. DE A.S.

COM MARIDO, FILHOS E O SOGRO

CASA DOS FUNDOS

 

 

 

M.A. DE S.

COM O MARIDO E OS FILHOS

NO FUNDO DA CASA DOS PAIS

 

 

 

D.M.G.

COM O MARIDO, FLHOS E SOGRO

NA CASA DOS FUNDOS

 

 

 

E.J.R.

COM A FILHA

MORA NOS FUNDOS.PAGA ALUGUEL

 

 

 

R.A.P.

COM O MARIDO E FILHOS

CASA  PRÓPRIA

 

 

 

D.C.S.

COM MARIDO E FILHOS

CASA ALUGADA

 

 

 

N.M.M.

COM OS FILHOS, ESTÁ SEPARADA DO MARIDO

CASA PRÓPRIA

 

 

 

M.A.C.R

COM MARIDO E FILHOS

CASA PRÓPRIA

 

 

 

B.F.L.

COM MARIDO E FILHOS

NOS FUNDOS DA CASA DA SOGRA

 

 

 

C.F.C.C.

COM MARIDO E FILHOS

NUMA FAZENDA, CASA MUITO RUIM

 

 

 

M.AP.F.O.

COM O AMIGADO

CASA PRÓPRIA

 

 

 

M.D.S.

COM O MARIDO, A FILHA E O SOGRO

CASA PRÓPRIA

 

 

 

 

 

 

             Conforme o quadro I pudemos observar que os sujeitos pesquisados apresentam como uma das características comuns o fato de sofrerem a interferência de terceiros em sua vida familiar. Do total de 12,5 (41,7%) moram com o marido, filhos e sogro, ou com o marido e filhos, porém moram no fundo da casa dos pais ou no fundo da casa da sogra.

            Este aspecto embora aparentemente irrelevante aparece mais tarde como um fator de tensões e angústias, favorecendo um ambiente hostil e agressivo para a gestante (relacionamento conflitantes entre marido e mulher, nora e sogra, cunhado e cunhada, genro e sogro e vice-versa) um possível fator estressor e agravante da hipertensão.

  

QUADRO II- REFERENTE A QUESTÃO: A GRAVIDEZ FOI PROGRAMADA? COMO RECEBEU A NOTÍCIA DA GRAVIDEZ?

 

INICIAIS

DEPOIMENTOS

 

 

M.Lde A.S

NÃO. NÃO QUERIA ENGRAVIDAR MAIS, JÁ ERA PLANEJAMENTO FAMILIAR

 

 

M.A.de S.

NÃO. COM MUITA PREOCUPAÇÃO... COM MUITO MEDO DE PASSAR MAL, COMO NA GESTAÇÃO ANTERIOR... MEDO DE NÃO TER  CONDIÇÕES DE CRIAR OS FILHOS JÁ QUE O MARIDO GANHA MUITO POUCO E ALÉM DISSO É ALCOÓLATRA.

 

 

D.M.G.

NÃO. NÃO QUERIA ENGRAVIDAR, ESTAVA COM LAQUEADURA PROGRAMADA E NÃO TEM CONDIÇÕES DE CRIAR MAIS FILHOS.

 

 

E.J.R.

NÃO QUERIA, É SOLTEIRA E JÁ TEM UMA FILHA DE RELACIONAMENTO ANTERIOR, TAMBÉM NÃO ESTÁ JUNTO COM O PAI DESTA CRIANÇA E NÃO TEM CONDIÇÕES FINANCEIRAS PARA CRIA-LA.

 

 

R.A.P.

NÃO. FICOU REVOLTADA E AO MESMO TEMPO SURPRESA POIS HAVIA FEITO LAQUEADURA NA GESTAÇÃO ANTERIOR E PAGO COM MUITO SACRIFÍCIO.

 

 

D.C.S.

NÃO. A GRAVIDEZ NÃO FOI PROGRAMADA, AINDA AMAMENTAVA O SEGUNDO FILHO. FICOU DESESPERADA, OS DOIS FILHOS MAIS VELHOS SÃO MUITO PEQUENOS, O 10 TEM 2 ANOS E O 20    TEM 1 ANO. FICOU AINDA MAIS REVOLTADA QUANDO SOUBE QUE NÃO CONSEGUIRIA FAZER LAQUEADURA DEVIDO A SUA POUCA IDADE E ALÉM DISSO SUA RELIGIÃO NÃO PERMITE USO DE ANTICONCEPCIONAL.

 

 

N.M.M.

NÃO. DISSE QUE CHOROU MUITO QUANDO SOUBE E CHEGOU A TOMAR  ALGUNS REMÉDIOS PARA ABORTAR , ESTAVA MUITO PREOCUPADA POIS DESCOBRIU QUE O MARIDO TEM OUTRA MULHER E ESTAVAM SE SEPARANDO.

 

 

M.A.C.R.

NÃO. MAS FICOU FELIZ APESAR DA PREOCUPAÇÃO; ESTE É O PRIMEIRO FILHO DO ATUAL MARIDO.

 

 

B.F.L.

NÃO. FICOU DESESPERADA; TEM 4 FILHOS, MORA EM UM CÔMODO NOS FUNDOS DA CASA DA SOGRA, TRABALHA FORA E O MARIDO FAZ USO DE DROGAS. ATÉ QUASE O FINAL DA GESTAÇÃO AINDA NÃO HAVIA ACEITADO A GESTAÇÃO.

 

 

C.F.C.C.

NÃO. COM REVOLTA, TINHA IDO AO MÉDICO FAZER UM ULTRA-SOM PARA CONFIRMAR O DIAGNÓSTICO DE CISTO E MARCAR A CIRURGIA. NÃO CONSEGUIA ACREDITAR QUE ESTAVA GRÁVIDA NOVAMENTE. É SUA 13AGESTAÇÃO.

 

 

M.AP.F.O.

NÃO. FICOU REVOLTADA, ESTÁ MORANDO COM UM RAPAZ E ELES NÃO PRETENDIAM TER FILHOS. ELA TEM 2 FILHAS DO PRIMEIRO CASAMENTO, UMA COM 20 ANOS E A OUTRA COM 19 ANOS.

 

 

M.D.S.

SIM. FICOU FELIZ, QUER MUITO TER MAIS  UM FILHO.

 

            O quadro II referente à questão sobre a aceitação da gravidez pela gestante, observamos que: a quase totalidade 11 (91,7%) não havia programado a gravidez e desse modo receberam a notícia com preocupação, medo, revolta, desespero e culpa.

            A notícia da gravidez surpreendeu algumas das gestantes na medida em que já haviam se preparado para o planejamento familiar.

            Surpresa maior foi para a gestante que tinha laqueadura tubárea marcada  e, mais ainda para aquela que já havia feito laqueadura na gestação anterior.

            A gravidez não parece ter sido bem vinda para a maioria das gestantes conforme podemos evidenciar nos depoimentos do quadro II por diversos motivos, entre eles o medo de não ter condições de criar os filhos, falta de condições econômicas (o marido ganha pouco), instabilidade familiar (marido alcoólatra ou faz uso de drogas), ser solteira (não estar mais com o pai da criança), trabalhar fora, ter dois filhos pequenos ( um de 2 anos e outro de 1 ano) ter muitos filhos, ter filhos de outro casamento.

            O desespero da notícia trouxe às gestantes conflitos diversos com sentimentos de culpa inclusive o religioso: levar ao término ou não a gravidez, abortar, preferir uma cirurgia de cisto à gravidez, conseguir aceitar que estar grávida novamente pela 13a vez.

            Apenas 1 (8,3%) das gestantes embora não tivesse programado a gravidez diz ter ficado feliz apesar da preocupação, sendo este o 1ofilho do atual marido.

            Apenas 1 (8,3%) diz ter programado a gravidez, estar feliz e querer muito o filho.

            Conforme pode se apreender a gravidez certamente seria um transtorno para a maioria das gestantes pesquisadas. Os sentimentos expressos em suas falas ou depoimentos são componentes estressores sérios e prejudiciais para a manutenção de seu equilíbrio emocional e fator de tensão física e emocional. A comprovação disto pode ser vista na tabela seguinte.

           

QUADRO III- REFERENTE AOS PROBLEMAS OU DIFICULDADES VIVENCIADAS PELAS GESTANTE HIPERTENSAS.

 

 

INICIAIS

EMOCIONAIS

FÍSICAS

 

 

 

M.L. DE A.S.

NERVOSISMO, IRRITABILIDADE, CONFLITO TENSÃO E ANSIEDADE.

"FALTA DE AR", "BATEDEIRA". HIPERTENSA E MIOCARDIOPATIA

 

 

 

M.A. DE S.

PREOCUPAÇÃO, TENSÃO, ANSIEDADE, NERVOSISMO.

DIABETE GESTACIONAL. HIPERTENSÃO.

 

 

 

D.M.G.

TENSÃO, MEDO, ANSIEDADE.

TEVE 2 AVC, ENJÔO E VÓMITOS, CEFALÉLIAS, HIPERTENSÃO.

 

 

 

E.J.R.

IRRITABILIDADE, DEPRESSÃO, CONFLITOS

EDEMA DE MM II, CANSAÇO FÍSICO.

 

 

 

R.A.P.

NERVOSISMO, INSÔNIA, IRRITABILIDADE.

DOR NOS MM II, EDEMA, CEFALÉIA.

 

 

 

D.C.S.

NERVOSISMO, CONFLITOS, ANSIEDADE, IRRITABILIDADE.

CANSAÇO FÍSICO, NÃO CONSEGUE REPOUSAR DEVIDO OS DOIS FILHOS PEQUENOS.

 

 

 

N.M.M.

IRRITABILIDADE, NERVOSISMO, ANSIEDADE, INDISPOSIÇÃO

FALTA DE AR, CEFALÉIA, CRISE ASMÁTICA.

 

 

 

M.A.C.R.

SENTE-SE MUITO BEM, É MUITO TRANQÜILA.

"PESO" NA NUCA QUANDO AUMENTA A P. A. TONTURA.

 

 

 

B.F.L.

CONFLITOS, ANGÚSTIA, DEPRESSÃO IRRITABILIDADE, ANSIEDADE E NERVOSISMO.

DOR NAS PERNAS E AS VEZES CEFALÉIA.

 

 

 

C.F.C.C.

IRRITABILIDADE, NERVOSISMO E DEPRESSÃO, SENTE-SE ASSIM MESMO QUANDO NÃO ESTÁ GRÁVIDA.

VARIZES DE M.M II

 

 

 

M.AP.F.O.

ANSIEDADE, CONFLITOS, IRRITABILIDADE, NERVOSA.

EDEMA DE MM II. HIPERTENSÃO.

 

 

 

M.D.S.

ANSIEDADE

HIPERTENSÃO.

 

 

 

 

 

 

            Não é difícil perceber a relação existente entre os fatores emocionais e suas reações físicas ou psicossomáticas correspondentes.

            Difícil é negar a interferência do emocional no sintoma da hipertensão. No entanto, muito pouco ou quase nada é feito no sentido de se buscar formas de manejo para o equilíbrio do físico. O peso atribuído para a assistência emocional é muito pequena em relação ao valor atribuído aos sintomas físicos.

            No entanto, torna-se impossível nesses casos atuar-se no físico sem se interferir no emocional. É impossível sustentar-se  neste caso qualquer conduta parcial quer física ou emocional.

            A saúde da gestante pressupõe inevitavelmente a sua condição existencial e desta pudemos apreender aspectos específicos e singulares que tornado esta uma população de alto risco às reações psicossomáticas como o caso da hipertensão, conforme podemos ver nos quadros IV e V.

 

QUADRO IV- REFERENTE AOS PROBLEMAS EXISTENCIAIS DA GESTANTE (RELACIONAMENTO CONJUGAL).

 

INICIAIS

ANTES DA GESTAÇÃO

ATUALMENTE

PROBLEMAS

 

 

 

 

M.L. DE A.S.

BOM RELACIONAMENTO

CULPA-O PELA GRAVIDEZ

HOSTILIDADE EM RELAÇÃO AO MARIDO INCOMPREENSÃO DO MARIDO EM RELAÇÃO A SUA IRRITAÇÃO. NA ÉPOCA DA GESTAÇÃO ANTERIOR ESTAVAM DESEMPREGADOS.

 

 

 

 

M.A. DE S.

ERA MALTRATADA PELO MARIDO.

O RELACIONAMENTO NÃO ESTÁ BOM, O MARIDO TEM RECEIO DE MANTER RELAÇÕES SEXUAIS E MACHUCAR O BEBÊ. NÃO A MALTRATA PORQUE ELES ESTÃO MORANDO PERTO DOS PAIS DELA.

AO SABER QUE O NENÊ É DO SEXO MASCULINO O MARIDO VOLTOU A BEBER. É ALCOÓLATRA.

 

 

 

 

D.M.G.

MAL.

MUITO RUIM, NÃO TEM DIÁLOGO, O MARIDO BEBE MUITO E ESTÁ DESEMPREGADO.

O MARIDO É MUITO CIUMENTO E QUANDO BEBE MALTRATA ELA E OS FILHOS.

 

 

 

 

E.J.R.

SOLTEIRA.

 

QUANDO SOUBE QUE ESTAVA GRÁVIDA, MANDOU-O EMBORA. CULPA-O PELA GESTAÇÃO

 

 

 

 

R.A.P.

BOM.

O MARIDO TRATA-A MUITO BEM, É MUITO CARINHOSO E TRATA-A COM MUITO CARINHO.

 

 

 

 

 

D.C.S.

BOM.

BEM.

TEM DIFICULDADE EM FALAR SOBRE ESTE ASSUNTO, SÓ DIZ QUE O MARIDO É MUITO BOM PARA ELA. AO MESMO TEMPO QUANDO SE REFERE AO ASSUNTO DA CONTRACEPÇÃO DEIXA ENTENDER QUE SÓ ELA SE PREOCUPA COM ISSO.

 

 

 

 

N.M.M.

MAL.

MAL.

O MARIDO SAI COM OUTRAS MULHERES E TEM UM FILHO COM OUTRA. RECENTEMENTE PEGOU SÍFILIS, TRANSMITIU PARA ELA E NÃO FEZ TRATAMENTO.

 

 

 

 

M.A.C.R.

BOM RELACIONAMENTO, O MARIDO É MUITO BOM PARA ELA E PARA O FILHOS.

 

 

 

 

 

 

B.F.L.

PÉSSIMO, NO PRIMEIRO DIA DE CASADA LEVOU UM TAPA NA CARA

APESAR DO RELACIONAMENTO NÃO SER BOM, ESTÁ TENDO CUIDADOS ESPECIAIS COM ELA E  AJUDANDO COM AS CRIANÇAS.

ELE BEBE E ATUALMENTE USA DROGAS INALATÓRIAS "CRACK".

 

 

 

 

C.F.C.C.

BOM.

BOM, SEMPRE QUE ESTÁ GRÁVIDA ELE AJUDA MUITO CUIDANDO DAS CRIANÇAS

 

 

 

 

 

M.A.F.O.

REGULAR.

QUEIXA-SE QUE ELE BEBE E A MALTRATA

MARIDO BEBE E FICA AGRESSIVO.

 

 

 

 

M.D.S.

MUITO BOM.

O MARIDO SEMPRE MUITO CARINHOSO E COMPANHEIRO.

 

 

 

 

 

 

             Vivenciando os problemas aqui relacionados é de se esperar que a gestante viva uma existência permeada por preocupações, medos, tensões e conflitos os mais diversos, num momento em que mais necessita de compreensão, amor, carinho e apoio. No entanto, conforme o quadro IV, os sujeitos vivenciam situações de hostilidade, incompreensão e até mesmo de rejeição e desamparo. Situações estas certamente, não superadas apenas por meio de tratamento clínico. Admite-se, no entanto, que tais condições não são de fácil solução e nem tão pouco só da competência médica, a partir de programas multidisciplinares muitos problemas poderão vir a ser solucionados ou atenuados através de uma assistência conjunta (médico, enfermeiro, assistente social). Uma adequada assistência emocional realizado por profissional preparado pode amenizar os conflitos e reduzir as tensões com melhor resultados para o tratamento clínico.

 

 QUADRO V- RELACIONADO ÀS DIFICULDADES EM RELAÇÃO A GESTAÇÃO E O PARTO EM GESTAÇÕES ANTERIORES.

 

 

INICIAIS

DIFICULDADES

 

 

M.L. DE A.S.

HIPERTENSÃO GESTACIONAL. BRIGAS COM O MARIDO

 

 

M.A. DE S.

HIPERTENSÃO GESTACIONAL MAIS MIOCARDIOPATIA. CONFLITOS FAMILIARES/MARIDO ALCOÓLATRA

 

 

D.M.G.

HIPERTENSÃO GESTACIONAL MAIS DIABETE GESTACIONAL. PROBLEMAS FINANCEIROS.

 

 

E.J.R.

NA GESTAÇÃO ANTERIOR NÃO TEVE PROBLEMAS FÍSICOS. SER MÃE SOLTEIRA (PROBLEMAS FAMILIAR).

 

 

R.A.P.

TEVE HIPERTENSÃO E GEMELARES. NERVOSISMO

 

 

D.C.S

SOMENTE NO FINAL DA SEGUNDA GESTAÇÃO SOUBE QUE ERA HIPERTENSA E QUE PRECISAVA FAZER UM ACOMPANHAMENTO MAIS FREQÜENTE. OS PROBLEMAS QUE RELATA SÃO EM RELAÇÃO A PROXIMIDADE ENTRE AS GESTAÇÕES E AOS PARTOS CESSARIAS.

 

 

N.M.M.

AS GESTAÇÕES ANTERIORES TRANSCORRERAM SEM PROBLEMAS, OS PARTOS FORAM NORMAIS SEM DIFICULDADES.

 

 

M.A.C.R.

AS ANTERIORES FORAM SEM PROBLEMAS, NA ÚLTIMA GESTAÇÃO O MARIDO FALECEU NUM ACIDENTE E ISTO A ABALOU MUITO.

 

 

B.F.L.

APANHAVA MUITO DO MARIDO QUANDO ESTAVA GRÁVIDA, BATIA INCLUSIVE NA BARRIGA. ACHA QUE OS FILHOS TEM PROBLEMAS DEVIDO AS SURRAS QUE LEVAVA DURANTE A GESTAÇÃO.

 

 

C.F.C.C.

NÃO SE LEMBRA DE PROBLEMAS NAS GESTAÇÕES ANTERIORES. DISSE QUE NA ÚLTIMA GESTAÇÃO TEVE HIPERTENSÃO LEVE MAS SEM CONSEQUÊNCIAS. OS PARTOS FORAM NORMAIS E SEMPRE CHEGAVA AO HOSPITAL NO PERÍODO EXPULSÃO.

 

 

M. AP.F.O.

NAS ANTERIORES SOFREU MUITO COM O MARIDO QUE BEBIA E NÃO TRABALHAVA, ISTO CAUSOU PROBLEMAS EMOCIONAIS. ATUALMENTE ESTÁ COM HIPERTENSÃO E FICA IRRITADA PORQUE ANTES TOMAVA UMAS CERVEJAS COM O AMIGADO E AGORA ELE TOMA SOZINHO, FICA BÊBADO E ABORRECE-A.

 

 

M.D.S.

SEMPRE COM HIPERTENSÃO, TEVE TRÊS ABORTOS.

 

            No quadro V depreende-se que ao serem questionadas a respeito de dificuldades nas gestações e partos anteriores, as gestantes mencionam a presença de hipertensão gestacional associada a problemas de ordem familiar como agressões físicas e maus tratos por parte do marido, por causa de bebida, problemas de ordem financeira, crises por perdas de pessoas queridas (falecimento do marido por acidente) e abortos.  

 

 QUADRO VI- REFERENTE A QUESTÃO: COMO ESTÁ PASSANDO? QUAL A QUEIXA PRINCIPAL ? O QUE MAIS A PREOCUPA NO MOMENTO?

 

 

INICIAIS

SENTIMENTOS PERCEBIDOS ATRAVÉS DE RELATOS

 

 

M.L. DE A.S.

NÃO ESTÁ BEM, SENTE-SE CONFUSA, AINDA NÃO ACEITOU A GRAVIDEZ.  TEM BRIGADO MUITO COM O MARIDO E COM OS FILHOS, ESTÁ MUITO INSEGURA. ANTES DE ENGRAVIDAR ERA UMA PESSOA MUITO ALEGRE E AMIGA DOS FILHOS.  SINTOMAS MAIS FREQÜENTES: IRRITAÇÃO, NERVOSISMO, CULPA, INSEGURANÇA.

 

 

M.A. DE S.

COM MUITA PREOCUPAÇÃO, TENSA, IRRITADA, AGRESSIVA. MEDO DE PASSAR MAL COMO NA GESTAÇÃO ANTERIOR. SE PREOCUPA EM COMO CRIAR OS FILHOS JÁ QUE O MARIDO GANHA POUCO E ALÉM DISSO É ALCOÓLATRA. SINTOMAS MAIS FREQÜENTES: TAQUICARDIA, ANGÚSTIA, ANSIEDADE, DOR NO ABDÓMEN, NERVOSISMO.

 

 

D.M.G.

ESTÁ MUITO PREOCUPADA PELO O FATO DO MARIDO ESTAR DESEMPREGADO E COMO É ALCOÓLATRA TEM JUDIADO MUITO DELA E DOS FILHOS, COMO CONSEQUÊNCIA SUA PRESSÃO AUMENTA. SINTOMAS MAIS FREQÜENTES: DORES DE CABEÇA (NUCA), DORES  NAS PERNAS (VARIZES).

 

 

E.J.R.

SE PREOCUPA MUITO COM SUAS CONDIÇÕES FINANCEIRAS, NÃO TEM MARIDO E VAI SER DIFÍCIL CRIAR 2 FILHOS SOZINHA. SINTOMAS MAIS FREQÜENTES: CEFALÉIA, CANSAÇO , IRRITABILIDADE, DIFICULDADE DE FAZER A DIETA HIPOSSÓDICA, IMPACIENTE COM A FILHA.

 

 

R.A.P.

ESTÁ BEM APESAR DA P.A ESTAR SEMPRE  MUITO ALTA. NÃO GOSTA DE VIR AOS RETORNOS MÉDICOS, É MUITO POBRE, MORA EM BARRINHA E MUITAS VEZES NÃO TEM O QUE TRAZER PARA COMER.

 

 

D.C.S.

ESTÁ MUITO DESANIMADA, A MEDIDA QUE SE APROXIMA O MOMENTO DO PARTO, SUA ANSIEDADE AUMENTA AO SABER QUE NÃO FARÁ LAQUEADURA E FICA COM MUITO MEDO DE ENGRAVIDAR NOVAMENTE. JÁ FEZ 2 CESSARIAS EM 2 ANOS E ESTA SERÁ A TERCEIRA E SUA RELIGIÃO NÃO PERMITE USO DE MÉTODOS CONTRACEPTIVOS.  CANSAÇO FÍSICO,E EMOCIONAL.

 

 

N.M.M.

SENTE-SE MUITO INSEGURA EM RELAÇÃO AO EX-MARIDO JÁ QUE ELE AMEAÇOU COLOCAR FOGO NA CASA DEPOIS QUE SE SEPARARAM. ELE TEM OUTRA MULHER E ATÉ SÍFILIS JÁ TRANSMITIU PARA ELA. FALTA DE AR, CEFALÉIA.

 

 

M.A.C.R.

ESTÁ COM MEDO DE ACONTECER ALGUM PROBLEMA COM O BEBÊ, NAS OUTRAS GESTAÇÕES NÃO TEVE NENHUM SINAL E O MÉDICO INTERNAVA ANTES PARA INDUZIR O PARTO. NO MOMENTO ESTÁ PREOCUPADA COM A PRESSÃO, TEM MUITO MEDO DE TER ECLAMPSIA. TONTURAS.

 

 

B.F.L.

ESTÁ MUITO ANSIOSA E COM MUITO MEDO DO PARTO, DISSE QUE GOSTARIA DE DORMIR MUITO DEPOIS QUE O NENÊ NASCER (DÁ A ENTENDER QUE GOSTARIA DE SUMIR). TEM MUITO MEDO DE ACONTECER ALGUMA COISA RUIM. SINTOMAS FREQÜENTES: CEFALÉIA, DESÂNIMO, IRRITABILIDADE.

 

 

 

C.F.C.C.

SENTE-SE MUITO CANSADA, TEM QUE CAMINHAR MUITO PARA PEGAR A CONDUÇÃO PARA VIR AO MÉDICO E QUANDO CHEGA EM CASA TEM 3 CRIANÇAS PARA CUIDAR. SUA MAIOR PREOCUPAÇÃO É COM A FILHA QUE TEM 18 ANOS E NÃO ACEITOU A GRAVIDEZ, ESTÁ SEM CONVERSAR COM ELA HÁ MUITO TEMPO. CONVERSAMOS MUITO SOBRE ISSO E ELA DECIDIU DAR UM TEMPO E DEPOIS QUE O NENÊ NASCER IRÁ CONVERSAR COM A FILHA, DISSE QUE ASSIM SE SENTE MELHOR.

 

 

M.AP.F.O.

ESTÁ MUITO ANSIOSA, FUMA MUITO E ESTÁ MUITO  EDEMACIADA. SE QUEIXA MUITO DO COMPANHEIRO E SE PREOCUPA MUITO COM A FILHA MAIS VELHA E O GENRO QUE SÃO VICIADOS EM "CRACK".

 

 

M.D.S.

NÃO ESTÁ PASSANDO MUITO BEM, SUA PA ESTÁ MUITO ALTA E ELA NÃO QUER FICAR INTERNADA, TEM UMA FILHA E O SOGRO PARA CUIDAR E O MARIDO TRABALHA FORA O DIA TODO.

 

 

 

 

            O quadro VI nos mostra a situação atual da gestante hipertensa e suas preocupações no momento. Nesta questão a gestante já consegue relacionar suas queixas físicas aos problemas de ordem emocional. Através dos relatos pudemos constatar que as gestantes identificam seus problemas, dificuldades e sentimentos, sentem-se confusas e em conflito em relação à gravidez, sentem-se inseguras e conseqüentemente nervosas e culpadas.

            Sentem-se preocupadas, tensas, irritadas, agressivas, com medo e  mencionam a presença de sintomas como taquicardia, dor abdominal, angústia, ansiedade e nervosismo.

            Sentem-se preocupadas em relação à sua situação econômica e familiar, o desemprego, o alcoolismo do marido, com ela própria e com os filhos e queixa de pressão elevada, dores na nuca, dores nas pernas (varizes).

            Fala de suas dificuldades em criar os filhos sozinha e relaciona suas condições de desânimo a sintomas freqüentes de cefaléia, cansaço, irritabilidade, dificuldade de fazer a dieta hipossódica e a impaciência.

            Queixam-se ainda de tensão com a proximidade do parto e medo de engravidar novamente e sentem-se física e emocionalmente cansadas.

            Além dessas condições difíceis de serem enfrentadas, acrescem as ameaças de que são muitas vezes vítimas como: transmissão de doenças (sífilis, por ex.) e agressões como, colocar fogo na casa.

            O que se pode esperar (em termos de evolução gestacional) de uma gestante que passa por situações desta natureza? Como  tratar essas pacientes clinicamente sem levar em conta estas peculiaridades ?

            Além de todos esses problemas acrescenta-se, ainda o descaso pela própria saúde uma vez, não haver muito interesse em lutar pela vida. Algumas delas vivem em ambiente favorável ao uso do fumo e outras drogas,  num contexto propício ao vício e hábitos pouco saudáveis.

            Durante o período em que se desenvolveu o projeto, a enfermeira responsável pelo serviço de atendimento emocional procedeu à intervenção de apoio para as gestantes através de entrevistas pós-consulta. No período em questão, foram realizadas de 3 a 5 entrevistas por gestante cujo o principal objetivo foi oferecer um espaço no qual a gestante pudesse expor suas vivências, revivê-las e exteriorizá-las agora, num contexto favorável. Nesta oportunidade proporcionou-se à gestante a liberdade de expressão e a liberação de sentimentos num clima de aceitação incondicional visando,  sobretudo, o desabafo e o alívio de tensões.

            Após este período que teve interrupção por imposições do término gestacional e desligamento da gestante do ambulatório e encaminhamento para outros serviços, obtivemos as seguintes impressões da gestante sobre a importância do atendimento emocional.

 

QUADRO VII-  REFERENTE A: OPINIÃO DA GESTANTE SOBRE A IMPORTÂNCIA DO ATENDIMENTO EMOCIONAL.

 

 

INICIAIS

DEPOIMENTOS E RELATOS

 

 

M.L. DE A.S.

"ESTOU MAIS TRANQUILA... CONVERSEI COM MEUS FILHOS E MARIDO E ELES PARECEM MAIS COMPREENSIVOS COMIGO AGORA... EM CASA ESTÁ TUDO BEM, ESTÃO CONTENTES EM ME VER MAIS TRANQÜILA. MEU EDEMA DIMINUIU, PERDI MAIS 3 QUILOS. TENHO DORMIDO BEM E ME ALIMENTADO MELHOR, GOSTARIA QUE O NENEN NASCESSE LOGO PARA EU VOLTAR AO TRABALHO. FOI MUITO BOM FALAR COM VOCÊ ... FIZ ACOMPANHAMENTO EM GRUPO NA ÚLTIMA GESTAÇÃO E GOSTEI MUITO".

 

 

M.A.S.

"EU GOSTO MUITO DE FALAR COM VOCÊ... EU DISSE PARA O MEU PAI E MINHA MÃE QUE ELES PRECISAVAM DE UMA PESSOA COMO VOCÊ PARA CONVERSAR, ASSIM COMO EU TENHO... DEPOIS QUE CONVERSO COM VOCÊ FICO MAIS TRANQÜILA ATÉ MINHA MÃE COMENTOU ISSO COMIGO... ACHO QUE TENHO CONSEGUIDO ATÉ AJUDAR MEUS PAIS A RESOLVER ALGUNS PROBLEMAS... ELES ESTÃO SE ENTENDENDO MELHOR".

 

 

D.M.G.

"SE PUDESSE FICARIA A TARDE TODA CONVERSANDO COM VOCÊ, POIS É MUITO BOM TER ALGUÉM PARA CONTAR OS NOSSOS PROBLEMAS, A GENTE SE SENTE ALIVIADA... FICO MUITO FELIZ DE PODER DESABAFAR COM ALGUÉM POIS NORMALMENTE NÃO SAIO DE CASA E NÃO TENHO COM QUEM CONVERSAR. AGORA CONSIGO FALAR COM MEU MARIDO E ATÉ FAZER ELE ME OUVIR... ME SINTO MAIS SEGURA".

 

 

E.J.R.

APESAR DA DIFICULDADE DE VERBALIZAR SOBRE SEUS SENTIMENTOS, SEMPRE QUE CHEGAVA PARA AS CONSULTAS ME PROCURAVA PARA CONVERSAR. TROUXE A FILHA MAIS VELHA PARA EU CONHECER E DEPOIS QUE O NENEN NASCEU TAMBÉM VOLTOU PARA MOSTRÁ-LO.

 

 

R.A.P.

"FOI MUITO BOM PODER TER ALGUÉM PARA CONVERSAR, PRINCIPALMENTE  NO FINAL DA GESTAÇÃO QUANDO FICO MUITO PREOCUPADA (ANSIOSA). É UMA PENA QUE A AMBULÂNCIA TENHA HORÁRIO PARA VOLTAR, GOSTARIA DE PODER VIR SEMPRE CONVERSAR COM VOCÊ".

 

 

D.C.S.

SEMPRE QUE TINHA TEMPO VINHA ATÉ A MINHA SALA PARA CONVERSAR. APESAR DE NÃO CONSEGUIR TOMAR NENHUMA ATITUDE SEMPRE QUERIA OPINIÃO DE COMO FAZER PARA EVITAR FILHOS (SUA RELIGIÃO NÃO PERMITE). SUAS CONVERSAS SEMPRE GIRAVAM EM TORNO DESTE ASSUNTO.

 

 

N.M.M.

"FOI MUITO BOM PODER TER ALGUÉM PARA DESABAFAR E AJUDAR... SUAS ORIENTAÇÕES PARA O MEU TRATAMENTO FORAM MUITO IMPORTANTES... DISSE PARA MINHA MÃE QUE VOU TRAZÊ-LA PARA TE CONHECER". OBS. QUANDO O NENEN NASCEU ELA VEIO COM ELE E COM A MÃE PARA QUE EU CONHECESSE.

 

 

M.A.C.R.

"GOSTO MUITO DE VIR FALAR COM VOCÊ, FICO MAIS TRANQÜILA E GOSTO DE RECEBER ORIENTAÇÕES". APESAR DE M.A.C.R. SER UMA PESSOA MUITO TRANQÜILA, PASSOU POR PROBLEMAS DIFÍCEIS QUANDO PERDEU O MARIDO E GOSTAVA DE PODER CONTAR COM ALGUÉM.

B.F.L.

"GOSTO MUITO DE FALAR COM VOCÊ... SAIO DAQUI MAIS CALMA E CONSIGO ENXERGAR OS PROBLEMAS DE OUTRA FORMA. GOSTARIA DE TER SEMPRE ALGUÉM COM QUEM DESABAFAR, NA MINHA FAMÍLIA EXISTEM MUITOS PROBLEMAS. GOSTARIA DE PODER CONTINUAR MESMO DEPOIS DO PARTO POIS TENHO MUITOS PROBLEMAS PARA RESOLVER E É MUITO BOM PODER CONTAR COM ALGUÉM".

 

 

C.F.C.C.

"É MUITO BOM TER ALGUÉM PARA CONVERSAR... TENHO MUITOS PROBLEMAS COM A MINHA FILHA DE 18 ANOS... DEPOIS QUE FALEI COM VOCÊ  FIQUEI MAIS CALMA E DECIDI DEIXAR PARA RESOLVER O PROBLEMA COM MINHA FILHA DEPOIS DO PARTO E NO MOMENTO ME PREOCUPAR COM MINHA SAÚDE E COM O NENEN QUE VAI NASCER. COMENTEI COM VÁRIAS PESSOAS QUE FOI MUITO BOM TER ALGUÉM PARA DESABAFAR".

 

 

M.AP.O.F.

"GOSTEI MUITO DE PODER CONVERSAR COM VOCÊ... VOU TRAZER MEU MARIDO PARA VOCÊ CONVERSAR COM ELE E PODER EXPLICAR SOBRE OS PROBLEMAS DA GESTANTE HIPERTENSA". TROUXE O MARIDO PARA CONVERSAR E NO FINAL DA GESTAÇÃO TROUXE TAMBÉM A MÃE PARA EU CONHECER.

 

 

M.D.S.

"APESAR DE SER DIFÍCIL POR CAUSA DO POUCO TEMPO, GOSTO MUITO DE CONVERSAR COM VOCÊ. M.D.S É UMA PACIENTE DIFERENCIADA, NÃO TEM PROBLEMAS FAMILIARES E TEM UMA VIDA ESTÁVEL.

 

 

 

             A opinião das gestantes é de que: o atendimento proporciona maior tranqüilidade para a gestante hipertensa, favorecendo o seu relacionamento familiar e melhoria do ambiente. Diminuição de edema, perda de peso controlado, um sono reparador e melhor alimentação. Novas perspectivas em relação ao trabalho e aceitação do nenê. As gestantes manifestam satisfação em conversar com a enfermeira sentindo ainda, que um serviço da mesma natureza deveria ser estendido aos familiares. Fica claro que a mudança no estado da gestante é percebida e expressa verbalmente  pelos familiares.

            Em outras palavras o atendimento influencia o relacionamento da gestante favorecendo mudanças importantes no contexto familiar.

            O atendimento é sentido como uma oportunidade na qual a gestante pode expor os seus sentimentos mais íntimos proporcionando alívio e desabafo.

            O relacionamento entre a gestante e a enfermeira se desenvolveu num contexto de proximidade o que facilitou a maior liberação de sentimentos da gestante e conseqüentemente maior espontaneidade. Fica claro, também que o atendimento pode trazer alívio às tensões e conseqüentemente diminuição da ansiedade, pois as gestantes manifestam o desejo de continuidade do atendimento e a necessidade de continuar tendo alguém a quem recorrer para desabafar.

            Quanto às orientações recebidas durante o atendimento, as gestantes consideram-nas de muita importância para o tratamento da hipertensão e para uma gravidez mais tranqüila.

            Os sujeitos informaram que após o atendimento sentiam-se mais calmas, conseguindo enxergar os problemas de forma diferente e fortalecidas para enfrentá-los. Outra mudança importante conseqüente desse atendimento é a mudança do comportamento da gestante em relação a sua saúde e com o tratamento e uma maior aceitação da gestação e do nenê.

            A enfermeira estabeleceu uma relação de ajuda com a gestante o que facilitou a participação de familiares no decorrer do seu tratamento..

            Embora houvesse interesse inicial em se desenvolver um trabalho em grupo a experiência inicial limitou-se na presente fase ao nível individual sobretudo, porque o objetivo maior desta etapa era o conhecimento das características individuais e o perfil da população atendida.

 

CONCLUSÃO

 

            O trabalho evidencia a importância do atendimento multiprofissional sobretudo, a participação do enfermeiro especialista no atendimento emocional de gestantes hipertensas.

            A identificação dos problemas existenciais da gestante hipertensa mostra que a terapêutica restrita ao tratamento clínico ou ao tratamento emocional não garante a melhoria do estado da paciente, uma vez ser a hipertensão um problema reconhecidamente de base psicossomática.

            Fica claro a necessidade da gestante em ter um espaço e alguém a recorrer no sentido de aliviar suas tensões e ansiedades e reconhecem no profissional enfermeiro esta possibilidade.

            As gestantes reconhecem o valor terapêutico do atendimento e manifesta seu interesse em manter este serviço a disposição de seus familiares.

            Conclui-se que o atendimento é eficaz para o alívio das tensões melhorando o estado de humor das gestantes e conseqüentemente o seu relacionamento familiar.

            Estas mudanças tendem a favorecer o auto cuidado e diminuir os sintomas comuns da gravidez.

            Lamentavelmente não foi possível o acompanhamento da gestante até o momento do parto, uma vez que o encaminhamento a outros hospitais prejudicou o acompanhamento da evolução e avaliação final do concepto. Esperamos poder realizar, numa segunda etapa do trabalho esta complementação para qual se fará necessário uma nova estrutura de atendimento.

 

 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

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