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Culpa ou Neurose

Culpa ou Neurose

 

                                                                                  Culpa ou neurose?

                                                     

A noção de culpabilidade é extremamente complexa porque envolve diversos aspectos, entre eles: o filosófico, teológico e o psicológico. A angústia e a culpa são fatores dominantes na vida dos seres humanos.

No enfoque psicanalítico, podemos dizer que existe uma dicotomia entre o que o indivíduo gostaria de ser – Eu ideal – e o que realmente ele é – Eu real – acarretando, desta forma, o sentimento de culpa pelo fato de ser o que não se é – culpa existencial.

No aspecto religioso, esse sentimento de culpa parece originar-se do não cumprimento das regras advindas das leis morais “divinas”. A idealização do ser humano, como ser correto, perfeito e virtuoso, é desmistificada. O homem é tomado como um pecador, ou seja, aquele que cometeu um ato contrário à verdade, ferindo a si e/ou ao próximo, acarretando-lhe a culpa e a necessidade de se redimir para livrar-se desse ma

Ainda no enfoque psicanalítico, o sentimento de culpa expressa um conflito existente entre o Id e o Superego, tendo como mediador o Ego, que deve serviço a três grandes senhores: o mundo externo, a libido do Id e a severidade do Superego. O Id deseja uma determinada coisa e o Superego (valores dos pais e da cultura incorporados durante a infância) opõe-se ao cumprimento de tais desejos. Esse conflito estrutural a que chamamos de culpa é totalmente inconsciente; conseqüentemente dele, surge como sintomatologia psicopatológica à necessidade de punição ou de castigo.

Existem em algumas pessoas sentimentos de culpa que não correspondem à angústia e à consciência do pecado, isto é, não há uma culpa objetiva. Esses sentimentos são objeto de estudo da psicoterapia.

O sentimento patológico de culpa difere do sentimento do pecado.

Para Freud, o sentimento de culpa tem origem na infração às leis inconscientes do Superego, portanto, a sua raiz está no próprio inconsciente e no doente, que desconhece a causa de sua angústia, projetando-a sobre faltas reais ou imaginárias.

O remorso pelo pecado real é bem definido, límpido, destacando-se com nitidez para a consciência. Assim, diante dessas colocações, nota-se que se distingue sentimento de culpa e pecado por infrações inconscientes e conscientes, respectivamente.

Desta forma, a religião é um recurso para aperfeiçoamento do homem e da salvação de sua alma.

O neurótico corre o grave risco de criar falsa espiritualidade, falsa moralidade, que o impedirá de desfrutar de uma vida boa, voltada para a busca do progresso com vista à perfeição. Ele é guiado por motivações inconscientes de caráter egocêntrico, isto é, mais do que ao serviço do próximo e dos valores, funciona ao serviço do eu. O neurótico confunde assim o ideal perfeito com a impecabilidade, ama apenas o eu idealizado e ilude-se julgando amar o próprio ideal, sem encontrar paz e equilíbrio. Tem uma religião exclusivamente de temor angustioso de Deus e por isso é duro, rígido para com os outros, a quem procura se impor. Mostra sentimentos de culpabilidade independentes do mal realmente cometido e, assim, angustia-se por faltas sem importância, abandona-se facilmente à tristeza e aos sentimentos de insuficiência.

É fato que todas as psicoterapias reconhecem a estreita relação entre as neuroses e a vida moral do sujeito.

Assim, do ponto de vista da psicanálise, quanto ao controle instintual da moralidade, pode-se dizer que o Id é totalmente amoral; o Ego se esforça por ser moral e o Superego é super moral e pode tornar-se tão cruel quanto somente o Id pode ser.

Daí, ser importante, o reconhecimento da própria culpa, como fruto de uma autocrítica e reconhecimento da falta. Pois neste sentido, o homem toma consciência da ruptura existente entre o que desejaria ser – Eu-Ideal – e o que realmente é – Eu-Real. O remorso surge como uma primeira tentativa para aliviar essa dor, podendo levar o homem à harmonia interior ou ao desespero. É importante distinguir entre o remorso advindo do pecado e a angústia advinda do sentimento de culpa, pois, o esclarecimento do homem quanto as suas transgressões internas e/ou externas pode propiciar maior compreensão de si, de seu funcionamento psíquico e a busca de novos caminhos para o aperfeiçoamento de suas virtudes.

                                                    Profa.Dra. Edna Paciência Vietta

                                             Psicóloga Cognitivo-comportamental Ribeirão Preto